Leilão de ativos da Avianca em São Paulo — Foto: Luiz Guilherme Gerbelli/G1
O leilão de ativos da Avianca terminou com três lotes arrematados pela Gol, dois pela Latam e
outros dois encalhados. Foram arrecadados R$ 174 milhões.
Em recuperação judicial, a companhia colocou os ativos sob disputanesta quarta-feira
(10), incluindo os direitos de pousos e decolagens (“slots”), mesmo após a Justiça ter
companhias aéreas.
O certame era considerado essencial para que a companhia levantasse os recursos necessários
para evitar a falência. O resultado, porém, pode vir a ser contestado no futuro
entre os ativos leiloados ainda em andamento.
Apenas Gol e Latam participaram do leilão. A Azul também estava habilitada, mas não
compareceu "por não acreditar na legitimidade do processo", disse em nota.
O que não foi vendido terá de ser discutido novamente entre credores e a empresa.
A companhia diluiu seu patrimônio entre 7 Unidades Produtivas Isoladas (UPIs), que foram
leiloados em lotes. Veja quem arrematou o que:
Lote 1
- Ativos: UPI A (20 slots em GRU, 12 em SDU e 18 em CGH)
- Lance mínimo: US$ 70 milhões
- Vencedor: Gol
- Valor de arremate: US$ 70 milhões
Lote 2
- Ativos: UPI B (26 slots em GRU, 8 em SDU e 13 em CGH)
- Lance mínimo: US$ 70 milhões
- Vencedor: Latam
- Valor de arremate: US$ 70 milhões
Lote 3
- Ativos: UPIs C (6 slots em GRU, 6 em SDU e 8 em CGH) , D (6 slots em GRU, 4 em SDU
- e 4 e CGH) e E (6 slots em GRU, 4 em SDU e 9 em CGH).
- Lance mínimo: US$ 70 milhões
- Não teve interessados e foi desmembrado
Lote 4
- Ativos: UPI C (6 slots em GRU, 6 em SDU e 8 em CGH)
- Lance mínimo: US$ 10 mil
- Vencedor: Latam (na repescagem)
- Valor de arremate: US$ 10 mil
Lote 5
- Ativos: UPI D (6 slots em GRU, 4 em SDU e 4 e CGH)
- Lance mínimo: US$ 10 mil
- Vencedor: Gol
- Valor de arremate: US$ 10 mil
Lote 6
- Ativos: UPI E (6 slots em GRU, 4 em SDU e 9 em CGH)
- Lance mínimo: US$ 10 mil
- Vencedor: Gol
- Valor de arremate: US$ 7,30 milhões
Lote 7
- Ativos: UPI F (23 slots em CGH)
- Lance mínimo: US$ 10 mil
- Valor de arremate: não teve interessados
Lote 8
- Ativos: UPI programa de fidelidade Amigo
- Lance mínimo: US$ 10 mil
- Vencedor: não teve interessados
O lote 6, que continha a UPI E (com direitos de voos nos aeroportos de Guarulhos, Santos
Dumont e Congonhas, incluindo pela manhã), foi único disputado por ambas as companhias e
acabou nas mãos da Gol, por um preço 730 vezes mais alto do que o lance mínimo.
O Lote 4, contendo a UPI C, a princípio não teve interessados, mas foi arrematado pela
Latam na repescagem.
Os Lotes 7, com a UPI F (com voos apenas para Congonhas), e 8, com o programa de
fidelidade Amigo não tiveram interessados.
Disputa na Justiça
A venda de slots é proibida. Por lei, a distribuição desses direitos de pouso e decolagem de uma companhia para outra só podem ser feitos pela Anac. É permitido, porém, que empresas
de um mesmo grupo façam a transferência de slots entre si e, portanto, a passagem dos
slots da Avianca para as UPIs é legal.
No fim de junho, o juiz responsável pelo processo de recuperação judicial da empresa havia
proibido a Anac de redistribuir os slots, sob o argumento de que, sem os horário de voos, a
empresa não teria ativos relevantes para leiloar.
A agência recorreu e, na última quinta-feira (4), recebeu autorização para repassar os
O que vai a leilão da Avianca — Foto: Rodrigo Sanches/Arte G1
Disputa por Congonhas
Segundo a Anac, a transferência dos direitos de pouso e decolagem nos aeroportos de Guarulhos (SP), Santos Dumont (RJ) e Recife foi feita imediatamente após a suspensão das operações da Avianca. Depois que a Justiça afirmou a legalidade dos repasses, no último dia 4, a agência disse que "retomou a redistribuição normal" desses slots.
Para os horários do aeroporto de Congonhas, os mais cobiçados pelas concorrentes, a agência decidiu abrir uma consulta pública para ouvir os interessados para decidir se mantém ou altera o critério atual de distribuição. O processo aconteceu entre 26 de junho e 7 de julho.
A agência afirmou em nota que, agora, está "analisando as contribuições recebidas por meio do processo de tomada de subsídios e elabora estudos sobre o tema".
A Anac justificou a consulta "em razão de o aeroporto já apresentar um nível crítico de concentração e altíssima saturação de infraestrutura". Pela regra atual, metade dos horários que pertencem à Avianca devem ir para empresas que ainda não operam em Congonhas e a outra metade para empresas que já têm atividades no terminal.
FONTE: G1